Primeiro jogo. A ansiedade normal do início de um campeonato de futebol. Mais nervosos que o previsto já que íamos enfrentar uma das fortes candidatas à subida. A equipa ainda não se conhecia bem dado que, apesar de muito jogadores serem provenientes do mesmo clube, entraram jogadores novos, algumas posições foram alteradas, ainda não se sabia com quem se podia contar, etc., enfim, uma série de factores que condicionaram o nosso início de época. Tentámos sempre, treinadores, jogadores e capitães, levar as coisas pelo melhor e começar da melhor maneira.
Começámos mal. Perdemos 4-0 em casa contra o Sporting de Pombal. Para uma equipa em fase de estruturação como a nossa não podemos considerar o resultado mau. Nas duas jornadas seguintes protagonizámos, nós Ilha e a equipa adversária, dois jogos muito renhidos. Primeiro na Bidoeira, outra das grandes candidatas à subida, onde estivemos bem perto da derrota. Mas, como estávamos no início da temporada, a motivação era outra e conseguimos empatar 2-2, muito graças ao talento e dedicação de um jogador que pessoalmente admiro por isso: Sandro. Depois em casa frente ao Abelha. As nossas expectativas eram maiores relativamente aos jogos anteriores e entrámos, como em qualquer outro jogo, com vontade de ganhar. E logo cedo o demonstrámos ao entrar a ganhar logo nos primeiros minutos. Mas, como em qualquer equipa, a desconcentração e a ingenuidade, que foram as nossas grandes inimigas durante toda a época, tomaram conta de nós e acabámos por conceder o empate na partida. Este jogo ficou ainda marcado pelo azar do nosso guarda-redes Alexandre que partiu o nariz, sendo depois operado e ficando cerca de 3 meses de fora. Seguiram-se dois jogos, os dois contra a mesma equipa: Santo Amaro, um para a Taça e outro então para o Campeonato. No da Taça o nosso grande lateral direito foi expulso pelo nosso adjunto que teve de ser árbitro, o Kokas :D. Os três seguintes jogos foram aqueles, podemos dizer, em que custou mais perder. Apesar das várias oportunidades criadas, demonstrámos muita imaturidade no momento do remate decisivo, perdendo os jogos por margem mínima. Depois surgiu então a melhor série do campeonato todo: 5 vitórias seguidas a um jogo de acabar a primeira volta. Era nesta altura que a equipa jogava melhor, se entendia melhor, estava estável e também foi nesta senda de 5 vitórias que realizámos o melhor jogo da primeira volta: o jogo frente ao Boavista em que ganhámos 3-1. Último jogo da primeira volta no ARCUDA. Apesar de estarmos a jogar mal, estivemos a ganhar grande parte do jogo até que David, capitão de equipa e escritor desta crónica, marcar, vá, digamos, 1 auto golo e meio :D, ou seja, um auto golo propriamente dito e uma situação em que o fair play não foi correspondido pela equipa adversária… enfim, más memórias. Nesse momento em que eu pratiquei o dito fair play e acabei por me dar mal, o nosso grande treinador, a quem agradeço tudo o que nos ensinou apesar das dificuldades profissionais, disse-me uma coisa que nunca mais me hei-de esquecer: “O futebol não é para pessoas honestas”. Grande verdade. Devia ser para pessoas honestas sim, mas hoje, e infelizmente não é… nem nas camadas jovens! Enfim…
Acabou a primeira volta. Começa a segunda e logo com a pior derrota da época: 8-2 frente ao fortíssimo Pombal que, até àquele momento, apenas tinha perdido UM ponto! De facto, impressionante. O campeonato desenrolou-se e enfrentámos uma nova derrota, desta feita frente ao Bidoeirense por 4-1. Depois veio o jogo que mais nos custou perder, contra o Abelha. E porquê? Porque dos habituais titulares, 7 não puderam estar presentes, o que destabilizou a equipa com novas adaptações, posições e até jogadores dos iniciados que, de resto, nos iam ajudando ao longo do campeonato. Ficámos desiludidos com essa derrota, assim como as outras, mas especialmente por esta. Mas, na jornada seguinte, realizámos, na minha humilde opinião, o melhor jogo do campeonato em que ganhámos por 2-0 ao então terceiro lugar: o Santo Amaro. Soube-nos mesmo bem esta vitória. Um jogo em que estivemos sempre concentrados, atentos e prevenidos para qualquer tentativa do adversário de chegar à nossa baliza. Estou confiante, que se jogássemos pelo menos metade dos jogos como jogámos este teríamos alcançado uma melhor posição. Mais dois jogos e outras tantas derrotas: uma frente ao nosso eterno rival, o Guiense, e outra contra a equipa que, para mim, era das piores do campeonato e surpreendentemente conseguia estar em 4º: o Pedroguense. Jornada 23 e protagonizámos o nosso jogo mais emocionante e, certamente, um dos mais ou senão mesmo o mais de todo o campeonato! Frente à Ranha, com quem tínhamos perdido 4-1 na primeira volta, estivemos a perder 2-0 até cerca de 20 minutos do fim do jogo. Acordámos e nesse espaço de tempo conseguimos dar a volta ao marcador e alcançámos uma grande vitória por 3-2! Seguramente, um grande jogo de se assistir. Até ao final do campeonato, estivemos mais ou menos regulares com 4 derrotas e 3 vitórias em 7 jogos, sendo que a última alegria que tivemos foi contra o Motor Clube, por 4-2.
E acabava assim mais uma época de futebol. Alcançámos o 10º lugar em 15 equipas. Em termos gerais penso que podíamos ter feito muito melhor, julgando pelos jogadores que tínhamos e pelas condições oferecidas. Sofremos muitos golos e marcámos poucos, 72 e 54, respectivamente, sem claro dizer que tínhamos um mau ataque, porque até tínhamos. Eu sinceramente penso que o melhor jogador da nossa equipa foi, com alguma dose de incerteza pela sua personalidade e carisma, o Sandro. Houve outros jogadores em destaque com o Luís, o Ricardo, o Ricardito, o João, enfim, todos jogaram bem… nem sempre dentro do que podiam fazer mas é a vida… não é David? (Ahahah).
Eu, capitão dos Juvenis da Ilha, tenho a dizer que apesar de tudo foi uma época positiva no que diz respeito ao convívio entre os jogadores, se bem que haviam aqueles menos sociáveis e simpáticos… mas, em contrapartida, penso que foi uma época muito atribulada, com muitos altos e baixos, com algumas alturas muito tensas entre treinadores e jogadores e com, ou melhor, sem a maturidade e concentração exigida para jogadores da nossa idade. Foi um prazer envergar a braçadeira, assim como jogar pelo clube por quem tenho muito respeito. Uma palavra de apreço ao Gil, nosso segundo adjunto, que nos ajudou a nós e ao treinador principal Sílvio Brincano da melhor maneira que pôde.
Obrigado a todos os nossos jogadores, não só dos Juvenis mas também dos outros escalões, que fazem desta instituição um grande clube.
Um bem-haja para todos os dirigentes do clube e Parabéns pela realização do sintético da Ilha.
Atenciosamente,
David Fernandes
